segunda-feira, 28 de março de 2011

do direito de abandonar uma leitura

este é um dos dez mandamentos (que eu prefiro chamar de direitos) do leitor apresentados pelo daniel pennac no seu livro "como um romance". e, se antes eu sentia uma dor em abandonar algum livro, de uns anos pra cá eu faço isso com a maior facilidade. antes mesmo de ter feito a leitura dos mandamentos do pennac. ainda mais levando em conta a quantidade de livros diferentes nos quais entro (literatura como portas, não é, enzo?, não como escadas) semanalmente, como leitor-professor, leitor-pesquisador e leitor-leitor que tento ser. 

o último exemplo de abandono praticado por mim foi com o livro "a confissão", do flávio carneiro. fui até a página 46, dois capítulos inteiros. um de cada vez, um em cada dia. e daí abri mão. cansei fácil, fácil. encantei-me com o personagem-narrador já na primeira linha. mas a história não mudou em nada dali pra frente. ficou aquele personagem-narrador falando, falando, falando, e eu cansando, cansando, cansando. com este livro eu entrei nele, e logo saí. não quis ficar para um chá ou um café, quem sabe, então, depois um vinho. 

ao contrário do que senti ao ler, duas semanas antes, outro livro do mesmo autor. "o campeonato". uma narrativa policial muito empolgante, que me prendeu por quatro horas à cama quando iniciei a leitura. foram quase duzentas das quatrocentas páginas do livro numa deitada só. uma paixão mesmo! dei um tempo nele, e uma semana depois fechei a conta com mais duzentas páginas num tiro só. coisa mais maravilhosa que foi aquela leitura! ao final ainda fiquei com a sensação de que melhor seria não tê-la finalizado. porque o durante foi muito mais gostoso do que o seu resultado final.

semanas antes disso, eu havia lido dois outros livros do flávio carneiro, que além de literatura escreve sobre futebol e sobre teoria literária. (qualquer semelhança com meus gostos...). o livro teórico "o leitor fingido" é um convite a mergulhar nas leituras deste autor. um convite a uma conversa com o leitor flávio carneiro, um leitor muito preocupado com nossos caminhos de formação leitora.

entrem e fiquem à vontade nos livros deste goiano morador carioca.

ítalo puccini