domingo, 31 de julho de 2022

#paris2024: em defesa do pilates


o título desta croniqueta é uma brincadeira que faço com as pessoas mais próximas a mim. desde o encerramentos das olimpíadas do ano passado, digo constantemente que estou me preparando para os próximos jogos olímpicos, a serem realizados em paris em 2024, mas para disputar uma modalidade ainda não existente porém facilmente acrescentável, o trítalo: natação, bike e pilates. 

isto porque tenho me exercitado nessas três atividades semanalmente, mais ou menos da seguinte forma: bike 1 vez e natação e pilates 3 vezes cada na semana, sendo que neste último eu não consigo computar a distância, afinal, são exercícios de alongamento e fortalecimento muscular, mas o nado é de mais ou menos 25 km/mês, e o pedal, mínimo 100 km/mês.

essa entrega à atividade física não é exatamente uma novidade na minha vida, mas talvez eu nunca tenha me dedicado tanto para ela - sendo inclusive uma breve salvação durante um período de adoecimento mental e emocional. mas voltando ao passado, na infância e na adolescência eu pedalava todos os dias e jogava bola toda semana, obviamente sem planejamento para isso, o que me deixa feliz e triste ao mesmo tempo, pois daquele modo sempre senti a atividade física como um prazer, no entanto não a tornei parte da minha rotina nos anos seguintes, assentado-se uma lacuna a qual acredito que tento preencher agora adulto.

na infância, comecei pelas bicicletas de rodinha, incentivado por meu pai a aprender a me desgarrar delas; durante a adolescência, ia e vinha dos encontros com amigos e até levava a namorada para passear na garupa ou na barra de ferro; e já adulto eu me dirigia ao trabalho e à faculdade pedalando e suando sob duas rodas, pois só tive vontade de tirar a carteira de motorista aos 24 anos.

mas dos 18 aos 24 anos, mais ou menos, eu abandonei os poucos e desorganizados exercícios diários ou semanais em troca de trabalhar e estudar - até hoje me pergunto se é possível a uma pessoa, de maneira saudável, realizar alguma atividade física regularmente quando sua agenda ocupa dois períodos para o trabalho e um para o estudo. talvez nos finais de semana, mesmo assim me parece pouco para o acúmulo das tarefas dos dias. mas como fui office-boy por cerca de 2 anos, à época eu fazia os "corres" de bike, ou seja, completamente parado eu não ficava. contudo, quando me tornei professor meu ir e vir envolvia primeiro pegar vários ônibus e anos depois circular de carro vários quilômetros. foi quando meu corpo gritou de dor. 

mais precisamente minha lombar.

eu recém-retornara à natação, depois de mais de dez anos distante. o pouco tempo durante o qual nadei na infância me deixou saudade e memória muscular, pois com facilidade retomei os movimentos dos nados crau, peito, costas e até borboleta, justamente no qual me machuquei. e após realizar uma ressonância magnética descobri ter um sério desgaste nas últimas vértebras da coluna, na região lombar, na l4 e na l5. o motivo? anos e anos sentado incorretamente em uma média de doze horas por dia e nenhum cuidado com alongamento ou fortalecimento muscular. 

nadar me significa o relaxamento do corpo e a clareza da mente. tenho a impressão, ao estar na água, de que sou capaz de sentir todos os músculos do meu corpo se acalmando, enquanto o cérebro se alivia dos pensamentos que não prestam. ao sair da piscina após um treino, por exemplo, eu uma vez decidi terminar um relacionamento e, em outra, pedir demissão.

porém eu descuidei da atividade física por um tempo na minha vida e, ao retornar e sentir as dores, meu então professor de natação me sugeriu trocar a academia, onde eu sofria há três meses e me sentia muito burro, pelo pilates. foi quando, feito fênix, eu renasci. e aqui eu chego ao tema central desta croniqueta, proposto no título.

há dez anos, toda semana vou lá ao estúdio e faço de tudo com meu corpo. inclusive sou a pessoa que ri de quem diz que pilates é só alongamento e monotonia. com o djavan - o nome do meu professor de pilates é djavan - aprendo a prestar atenção em músculos, posturas, movimentos, dores, respiração, órgãos, tudo isso enquanto sou conduzido pelos tatames do solo e pelos aparelhos instalados no estúdio, que demandam força, sincronia, equilíbrio e sempre coragem. no meu caso, coragem porque tudo em mim fisicamente dói, devido ao meu encurtamento de membros, o que só descobri quando lá iniciei as atividades.

dessa forma, faz-me tão bem o pilates que vou enviar esta croniqueta ao comitê dos jogos olímpicos reivindicando a inclusão dessa modalidade atlética como uma nova forma de triatlo, cujo nome remete ao meu afinal a ideia é minha. e tenho certeza de que o dja é capaz de fazer suar qualquer atleta olímpico, inclusive estabelecendo critérios para definir os vencedores. eu obviamente não seria um deles, mas sendo o criador do esporte já me sinto feliz.

por fim, então, vou comprar minhas passagens para #paris2024, levando comigo a sunga, a bike e a coragem. 


ítalo puccini