sábado, 31 de dezembro de 2022

terra

escrevo para alcançar a praia o mar
o debaixo d’água

um feto sereno confortável amável
completo
sem contato com o ar

que
me faz provar um gosto de final

a escrita em mim é o mar
exercício automático
inconsciente
de tanta exigência
denominado respirar

quem me conduz a um lugar sempre desconhecido
dito por freud
não é nossa a casa onde moramos

se não há palavras o que mais nos resta

esse desejo de contornar o vazio quando entro no mar e
escrevo

ítalo puccini

quarta-feira, 30 de novembro de 2022

amor é verbo de ação

fazer
do teu cheiro
morada


encher

tua casa

de afeto


tremer

tua carne

de olhares


gozar 

no teu corpo

delírios


pulsar

os traços

da coragem


encontrar

-se

no outro


amanhecer

em saudade

e calor


ítalo puccini


segunda-feira, 31 de outubro de 2022

corpo vibrátil

aprende-se a ver
pelo deslocamento
do olho


atra
vês
ssar
-se
en
tre
ri-so


ítalo puccini


sexta-feira, 30 de setembro de 2022

uma ilha ao meio

florianópolis
da magia e 
do caos

ítalo puccini

quarta-feira, 31 de agosto de 2022

palavra corpo

meu texto começa no meu estômago vem daquilo que me embrulha e eu tento sublimar com as mãos com o toque nas palavras as palavras me saem das mãos depois de eu as sentir no meu estômago primeiro pela catarse depois pela estética e por isso preciso conversar mais com minhas mãos quero aprender a sentir melhor aquilo que tateio e percorro e agarro aquilo que me faz tremer quando alcanço uma palavra com as mãos e para isso me dispo de algumas palavras juízo uma delas e é pelo verbo que me sou é pelo verbo que me sinto verbo enquanto ação movimento estado de ser verbo desejar eu tremo quando me sinto em desejo um desejo de me entregar sem receio sem controle com as mãos livres em direção ao que eu ainda não conheço mas sem o qual sinto que não posso viver


ítalo puccini


domingo, 31 de julho de 2022

#paris2024: em defesa do pilates


o título desta croniqueta é uma brincadeira que faço com as pessoas mais próximas a mim. desde o encerramentos das olimpíadas do ano passado, digo constantemente que estou me preparando para os próximos jogos olímpicos, a serem realizados em paris em 2024, mas para disputar uma modalidade ainda não existente porém facilmente acrescentável, o trítalo: natação, bike e pilates. 

isto porque tenho me exercitado nessas três atividades semanalmente, mais ou menos da seguinte forma: bike 1 vez e natação e pilates 3 vezes cada na semana, sendo que neste último eu não consigo computar a distância, afinal, são exercícios de alongamento e fortalecimento muscular, mas o nado é de mais ou menos 25 km/mês, e o pedal, mínimo 100 km/mês.

essa entrega à atividade física não é exatamente uma novidade na minha vida, mas talvez eu nunca tenha me dedicado tanto para ela - sendo inclusive uma breve salvação durante um período de adoecimento mental e emocional. mas voltando ao passado, na infância e na adolescência eu pedalava todos os dias e jogava bola toda semana, obviamente sem planejamento para isso, o que me deixa feliz e triste ao mesmo tempo, pois daquele modo sempre senti a atividade física como um prazer, no entanto não a tornei parte da minha rotina nos anos seguintes, assentado-se uma lacuna a qual acredito que tento preencher agora adulto.

na infância, comecei pelas bicicletas de rodinha, incentivado por meu pai a aprender a me desgarrar delas; durante a adolescência, ia e vinha dos encontros com amigos e até levava a namorada para passear na garupa ou na barra de ferro; e já adulto eu me dirigia ao trabalho e à faculdade pedalando e suando sob duas rodas, pois só tive vontade de tirar a carteira de motorista aos 24 anos.

mas dos 18 aos 24 anos, mais ou menos, eu abandonei os poucos e desorganizados exercícios diários ou semanais em troca de trabalhar e estudar - até hoje me pergunto se é possível a uma pessoa, de maneira saudável, realizar alguma atividade física regularmente quando sua agenda ocupa dois períodos para o trabalho e um para o estudo. talvez nos finais de semana, mesmo assim me parece pouco para o acúmulo das tarefas dos dias. mas como fui office-boy por cerca de 2 anos, à época eu fazia os "corres" de bike, ou seja, completamente parado eu não ficava. contudo, quando me tornei professor meu ir e vir envolvia primeiro pegar vários ônibus e anos depois circular de carro vários quilômetros. foi quando meu corpo gritou de dor. 

mais precisamente minha lombar.

eu recém-retornara à natação, depois de mais de dez anos distante. o pouco tempo durante o qual nadei na infância me deixou saudade e memória muscular, pois com facilidade retomei os movimentos dos nados crau, peito, costas e até borboleta, justamente no qual me machuquei. e após realizar uma ressonância magnética descobri ter um sério desgaste nas últimas vértebras da coluna, na região lombar, na l4 e na l5. o motivo? anos e anos sentado incorretamente em uma média de doze horas por dia e nenhum cuidado com alongamento ou fortalecimento muscular. 

nadar me significa o relaxamento do corpo e a clareza da mente. tenho a impressão, ao estar na água, de que sou capaz de sentir todos os músculos do meu corpo se acalmando, enquanto o cérebro se alivia dos pensamentos que não prestam. ao sair da piscina após um treino, por exemplo, eu uma vez decidi terminar um relacionamento e, em outra, pedir demissão.

porém eu descuidei da atividade física por um tempo na minha vida e, ao retornar e sentir as dores, meu então professor de natação me sugeriu trocar a academia, onde eu sofria há três meses e me sentia muito burro, pelo pilates. foi quando, feito fênix, eu renasci. e aqui eu chego ao tema central desta croniqueta, proposto no título.

há dez anos, toda semana vou lá ao estúdio e faço de tudo com meu corpo. inclusive sou a pessoa que ri de quem diz que pilates é só alongamento e monotonia. com o djavan - o nome do meu professor de pilates é djavan - aprendo a prestar atenção em músculos, posturas, movimentos, dores, respiração, órgãos, tudo isso enquanto sou conduzido pelos tatames do solo e pelos aparelhos instalados no estúdio, que demandam força, sincronia, equilíbrio e sempre coragem. no meu caso, coragem porque tudo em mim fisicamente dói, devido ao meu encurtamento de membros, o que só descobri quando lá iniciei as atividades.

dessa forma, faz-me tão bem o pilates que vou enviar esta croniqueta ao comitê dos jogos olímpicos reivindicando a inclusão dessa modalidade atlética como uma nova forma de triatlo, cujo nome remete ao meu afinal a ideia é minha. e tenho certeza de que o dja é capaz de fazer suar qualquer atleta olímpico, inclusive estabelecendo critérios para definir os vencedores. eu obviamente não seria um deles, mas sendo o criador do esporte já me sinto feliz.

por fim, então, vou comprar minhas passagens para #paris2024, levando comigo a sunga, a bike e a coragem. 


ítalo puccini

quinta-feira, 30 de junho de 2022

poema frio

não somos capazes de compreender 
a felicidade alheia
nem mesmo a tristeza que emana
do outro

eis o limite da empatia.

ítalo puccini

terça-feira, 31 de maio de 2022

sempre há o que se guardar no melhor canto do coração


e é tão estranho como nos damos bem tiago. como tua presença me alegra. a pureza do momento que chegou para ficar e dar o que é devido a quem nunca se entregou. a gente sempre foi aquele instante de modo que eu exijo mais pra lembrar do que eu não fiz por te respeitar demais. apostaram alto contra nós e eu paguei o preço e te espero aqui e esqueço em breve o dissabor. avante com os novos planos pois é muito cedo pra se despedir e você não vai me encontrar onde todos esperam muito menos longe de mim escondendo o que eu também construí. 

como uma viajante que chegasse sem partir eu não quero que ninguém me leve pela mão nessa estrada na contramão e passo a achar estranho tudo o que eu mesma fiz e me desfaço de tudo o que decai. é que é lento meu passo e estou sempre atrasada contra essa distância que se impõe. tanto que as dez mil horas que me faltam pra eu me tornar quem eu quiser também foram postas pra vender sem eu nem saber. 

uma quimera gratuita de um destino pouco afeito a me agradar.

eu fui te buscar na lembrança mas você já não estava lá tiago. na fria escuridão desse porão vazio sua respiração não me alcança tampouco assume o peso que tem. e se essa noite dura mais do que deveria enquanto o sono não chega eu morro como se perdesse um tempo precioso e esbarro em sonhos que às vezes nem são meus. na fenda que me trouxe a escorregar pela imensidão eu me sinto mais só do que quando eu nasci mas mesmo assim quero saber onde vai dar sem ter que te pedir perdão logo depois. e sem parecer infantil é como se eu tivesse um mar de histórias pra contar do que restou de mim rindo das desgraças do dia no parque de diversões das perdas diárias nas quantas vezes em que já me descuidei sem prejuízo algum. quando as belezas que o mundo me mandava ficaram entupindo a caixa de correio do prédio onde não moro. 

não é tão triste quanto é óbvio.

e tudo o que te digo é só pra esconder o que eu pensei em te falar sobre coisas impossíveis que imagino e não entendo o que imagino. eu te oferto o meu dizer que é tanto e tão pouco e não repare no desastre que a vida se tornou afinal a disciplina faz manter a calma em um gole de cada vez desse fernet que de amargo lembra um pouco o que é viver. então pra que sair assim todo de mim só porque eu vejo prazer no que você tatuou com fogo pra lembrar que o tempo é mais completo no teu corpo. a alegria que isso me traz é sobre o dever de sofrermos juntos e todo esse empenho em ser sincera é porque algo entre nós não ia bem. e eu toco o embalo dessa nostalgia que só pra ti vai fazer sentido ouvir. 

mas que sentido tudo isso faz se na primeira vez demora a se acostumar com o vazio. 

quando eu olho pra você tiago a vontade é a chave pra te abrir. seria um grande prazer enlouquecer contigo. você que é vasto o bastante cuja falta inventa um novo dia da semana e se contradiz sem se importar. não me pergunte mais o que também já se respondeu sobre as canções que extraem tua dor. teu riso é breve pequeno e discreto teu rosto não mais que intenção. tua inocência dizendo com todas as letras como se faz e se existe algum segredo eu nem penso em desvendar e perder tua atenção. agora é uma lei e eu não vou querer ser pega se a tua sorte é o meu azar.

eu lido agora só com o que é mais urgente. 

enquanto o sol aquece tudo lá fora eu me despeço desse frio e imagino precisos nuances de vida. algum tipo de adeus pra quem quer partir você encontra em mim tiago porque é bom dizer adeus estando em boa companhia. as auroras que um dia hão de brilhar em mesas redondas de salas distantes sob o olhar complacente de deus e sobre o prazer de vivermos juntos. parece tão fugaz esse meu prazer rindo das promessas do dia como queria que fosse a estação inteira ao fim da qual restaria palavra. um atalho. o fim do mistério que me leva até você sobre as ruínas dos muros de toda elevação. porque não há nada que não se cure com cinismo e boa fé. 

e de fé nós entendemos bem.


ítalo puccini


sábado, 30 de abril de 2022

histórias ainda não escritas

são poucas as pessoas a quem dou atenção por interesse próprio. de modo que me assusto quando alguém por exemplo pergunta pela minha mãe, assim, de repente, sem antes recorrer às indagações protocolares sobre a instabilidade do tempo ou a corrupção no país. eu inclusive nunca vejo o que diz a meteorologia e não me interesso por política. não assisto à televisão, não tenho assinatura de nenhum meio de comunicação. mas quando alguém pergunta pela minha mãe eu sinto vontade de ouvir mais, de entender o motivo pelo qual a pessoa se encorajou a perguntar pela minha mãe. contudo, emudeço. 


não gosto disso, de ter intimidade com alguém. sinto-me íntima de coisas, de objetos, de outros seres. sinto-me íntima de um poema de saramago: 
 
No coração da mina mais secreta,
No interior do fruto mais distante,
Na vibração da nota mais discreta,
No búzio mais convolto e ressoante,
 
Na camada mais densa da pintura,
Na veia que no corpo mais nos sonde,
Na palavra que diga mais brandura,
Na razia que mais desce, mais esconde,
 
No silêncio mais fundo desta pausa,
Em que a vida se fez perenidade,
Procuro a tua mão, decifro a causa
De querer e não crer, final, intimidade.
 
mas não me sinto íntima de pessoas. 
 
ítalo puccini 

quinta-feira, 31 de março de 2022

incorpóreo

eu sempre quis escrever um poema com sapatos

vesti-los
e andar a amaciá-los
como que fazendo brotar dali um poema

porque o poema quando brota
traz consigo um susto
um estranhamento
como de quem veste sapatos
para fazê-los
ou usá-los

poema e sapato

mesmo que incompleto
mesmo que sem sola
eu sempre quis escrever um poema com sapatos

ítalo puccini

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

sagrada rotina felina


    "Sagrada rotina / a ti me arrocho" é o início de um poema de maria lúcia alvim, presente no livro "batendo pasto". mas se gatos escrevessem seria também o início de um poema escrito por algum felino. 

    iniciou janeiro e eu adotei dois gatos filhotes. irmãos. marquei a instalação de telas nas janelas e sacadas do apartamento, comprei ração, areia e serragem, brinquedos, tesoura e arranhador. e eles chegaram, o baden powell e o guimarães rosa - este de uma cor alaranjada mais forte e com manchas brancas, aquele de um alaranjado mais fraco porém de um mesmo tom em toda a pelagem. é a primeira vez que convivo com gatos, simbolizando afetiva e efetivamente o início de uma nova fase da minha vida. o dia 8 de janeiro representa o meu ano novo. 

    voltando aos versos da maria lúcia alvim, eles seriam escritos por gatos porque é da natureza desses animais o apego a uma rotina da maneira mais arrochada possível. arrochar que, pelo dicionário oxford, significa “atar-se; aperta-se muito; comprimir-se com força”. é basicamente o cotidiano dos gatos, atados, apertados e comprimidos a uma sequência de ações quase mecanicamente programadas: por volta das 5h e perto das 22h, por exemplo, eles estão no auge da agitação; enquanto pelas 10h e durante toda a tarde se entregam ao sono profundo. o sono, inclusive, é o que eu mais invejo nos gatos. isto porque eles dormem quando lhes apetece, independente do que aconteça no entorno: dormem em qualquer posição, em diferentes lugares e em variados horários. fico pensando nesse ideal de vida e alimento a utopia de que na minha velhice ele me será possível. 

    por ora, parece-me que a natureza animal continua vencendo a nossa limitada natureza humana. o que me faz pensar aleatoriamente em augusto dos anjos e a associar um comportamento dos felinos a um verso do poeta: a cama é, para baden e guima, um ringue, onde se duelam todos os dias, atacando-se mutuamente. são mordidas, tapas, empurrões, mas também lambidas e carinhos. um comportamento muito próximo ao verso “a mão que afaga é a mesma que apedreja”, do poema “versos íntimos”, do augusto. até mesmo porque a cama também é o local onde pela manhã eles se deitam para tomarem um banho de sol. 

    além disso, a rotina dos dois manos envolve características peculiares: o guima, por exemplo, quando acorda adora "amassar o pãozinho", como se diz para o movimento de esticar e dobrar as patinhas, abrindo-as e fechando-as. ele amassa o pãozinho no cobertor, no próprio mano e em mim. especialmente no meu pescoço, enquanto esfrega o focinho na minha barba e mia e baba. guima é um gato babão. é o seu ritual pós-soneca. eu por vezes me engasgo com aquelas patas na minha garganta, mas não vou privá-lo desse prazer apenas por eu não conseguir respirar direito; já o baden demonstra menos carência, porém, quando não quer ficar sozinho ele se senta ao meu lado, olha bem nos meus olhos – estando eu dormindo ou acordado – e mia. mas mia o mais alto que ele pode. é um miado-grito, cuja formação da boca inclusive lembra a do famoso quadro do munch. e eu sempre me assusto, mas também dou risada. 

    assim como me divirto com as escolhas aleatórias de cada um por brinquedos e lugares do apê: enquanto o baden adora brincar com um amarrador de cabelos solto pelo chão, o guima se diverte mesmo é com uma bolinha que pinga e faz barulho. ainda, o guima por enquanto escolheu a cama para dormir a maior parte do dia, enquanto o baden determinou que a cadeira do escritório agora é dele. ou seja, diariamente eu e ele estabelecemos uma negociação prolongada sobre o tempo de uso da cadeira, visto que nela ele dorme e nela eu trabalho quando estou em casa. assim, como forma de ele demonstrar toda a insatisfação por esse ato de dividir aquele espaço/objeto, quando me sento nela, baden transita pela mesa do escritório, na qual está meu computador, e faz de tudo para atrapalhar minhas atividades: morde meus dedos e minhas mãos; mexe no mouse; caminha por sobre o teclado; e eventualmente pisa no botão que desliga o computador. guima só me interrompe durante meu expediente em casa para esfregar a fuça na minha barba e pedir carinho por alguns minutos, comportamento igual ao da madrugada, o que me faz pensar que para os gatos talvez não haja distinção entre dia e noite e talvez por isso durmam leves e livres como dormem.

    por fim, a fixação do baden é pela água, de preferência mais suja: a tampa do vaso, no banheiro, não pode ficar levantada, por exemplo; no balde que fica na lavanderia, no qual deixo de molho panos usados, ele se despe de toda e qualquer dignidade ao apoiar-se na borda e enfiar a fuça naquela água, na qual parei de colocar sabão por temor de que esse gato se intoxicasse; ele também é meu companheiro no momento de lavar a louça: senta-se na bancada da pia, ao lado do escorredor, e acompanha fixamente a água escorrer da torneira. assim como faz quando vou para o banho, momento em que ele se senta no tapete do banheiro e olha esperançosamente para o volume de água - chego a pensar que ele seria muito feliz no filme “a forma d'água”, em especial naquela cena do banheiro inundado, enquanto o guima apenas observaria tudo de longe, com um olhar incrédulo, como costuma fazer enquanto o mano se entrega a essa modernidade líquida. 

    agora, em fevereiro, estão os dois com seis meses, castrados e com as doses de vacinação completas, o que os torna claramente mais inteligentes que os antivacinas. mas talvez igualmente teimosos, pois insistem em morder a bromélia e a zamiculca, mesmo com as ervinhas de gato disponíveis para eles nas sacadas do apê. enfim. cada humano com sua limitação, cada gato com sua mania. o verão logo terminará, quiçá a covid também, e iniciaremos uma nova estação de uma sagrada rotina felina. 


ítalo puccini


segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

esconderijo

por trás dos morros
as águas geladas
das praias de garopaba

ítalo puccini