quinta-feira, 8 de julho de 2021

da euforia ao vitimismo: nuances da ausência de um nome


gol da alemanha: o passado é uma roupa

que não deveria mais nos servir, belchior. mas à qual milhões de brasileiros ainda se mantêm apegados. de maneira que, diante daquele contexto de absurdo misturado a nonsense, no jogo entre brasil e alemanha, na semifinal da copa do mundo de 2014, o meu sentimento, a cada gol, foi um misto de espanto e de esperança: não no sentido de vibrar com uma goleada e querer mais gols, mas sim de que quem sabe ali estivesse o divisor de águas para o futebol nacional. neste, pois, muito já se evoluiu – organização e estabilidade dos principais campeonatos, fortalecimento econômico de alguns clubes, nível de jogo inclusive da seleção atual – apesar de ainda pouco, paradoxo aqui proposital de quem visualiza o brasil enquanto utopia: esta, segundo thomas more, filósofo do século xvi, significa o lugar inexistente e portanto feliz; ou seja, feliz porque inexistente; ou seja, é o brasil a tentativa de personificação do ideal de felicidade mundana, uma vez dono por exemplo de uma extensa e inigualável variedade cultural, porém, quanto mais inserido na modernidade, mais retrógrado; ou seja, o muito que se avança nesse país, no futebol ou em qualquer outra esfera, pouco se acrescenta ao todo, pois é essa a terra onde se vive o presente como se estando no passado, onde o discurso esportivo massivamente insiste na sobreposição de vocábulos antiquados, tais quais tradição, história e camisa – o “verdadeiro futebol brasileiro” – em detrimento de variação tática, estudo e conhecimento de mundo; ou seja, vive-se aqui, a cada copa do mundo, um estado de felicidade plena, que na verdade inexiste enquanto realidade, a não ser que se faça do presente o passado, onde tudo já aconteceu e por isso é possível ser feliz. 


gol da alemanha: para viver em estado de poesia 

há que se entranhar nos sertões de viver, chico césar. no que há de mais antigo e interior do ser humano. e sertão, para o riobaldo, no grande sertão de guimarães rosa, “é isto: o senhor empurra para trás, mas de repente ele volta a rodear o senhor dos lados. sertão é quando menos se espera”. é o dentro da gente, ainda diz o jagunço. e o futebol manifesta o sertão que há dentro de cada torcedor – a gente empurra para trás quando na derrota, e de repente ele nos rodeia de esperança na próxima vitória – logo, sendo elemento integrante de uma cultura: é paixão e identidade. e o sertão de poesia por esse esporte vai dentro dessa gente torcedora brasileira enquanto euforia, essa identidade nacional do improviso e da alegria nas pernas do jogador canarinho, cantada popularmente – a copa do mundo é nossa / com brasileiro não há quem possa / êta esquadrão de ouro / é bom no samba é bom no couro – e construída no decorrer das copas do mundo: o tricampeonato mundial conquistado numa sequência de quatro copas – 1958/62/70 – impôs estados de êxtase e orgulho coletivos, uma catarse contra aquela que se considera até hoje a primeira tragédia da seleção brasileira de futebol: a derrota para o uruguai na final da copa de 1950, num maracanã com mais de 200 mil pessoas, denominada “maracanazo” – e nomear algo significa justamente conferir identidade. oito anos após o tri, nova frustração: a derrota de sarriá, ao perder por 3x2 para uma itália que vinha de três empates seguidos e um estilo de jogo burocrático. mas havia orgulho pelo futebol nacional apresentado até ali, de toque de bola envolvente, coragem e variação tática desfiladas por craques consagrados. de modo que pouco importou nas copas seguintes a postura mais pragmática e menos envolvente da seleção, pois o estado de euforia se incorporara ao torcedor brasileiro enquanto identidade nacional. porém, não a antropofágica dos modernistas de cem anos atrás, que, para exaltar as características essenciais do país, criaram novas formas de expressão artística e cultural depois de “comerem” o melhor da produção internacional, assim reinserindo o brasil no exterior; a identidade futebolística brasileira apresenta mais traços do romantismo do século xix, construída sob o prisma da idealização de uma nação perfeita e feliz em natureza, povo e, desde meados do século xx, futebol. é o tal sertão de poesia dentro de cada torcedor brasileiro.


gol da alemanha: o brilho cego da paixão

é fé, milton. uma faca amolada, paixão afiada e atacada, típica de um torcedor de futebol. ainda mais o eufórico. e, em respeito a essa identidade nacional de euforia e paixão, eu não torci contra o brasil naquele jogo inominável. eu não gosto de torcer contra algum time – no máximo sou capaz de ser a favor de outro que não seja o meu, mas torcer contra eu aprendi a não fazer, afinal, é um gasto de energia burro, direcionado àquilo com o qual não há identificação. e, naquele dia, há seis anos, também não torci a favor da alemanha. consciente de que o mais provável era a vitória alemã, fiquei neutro. a escalação do brasil para a semifinal, com julio césar, maicon, dante, david luiz, marcelo, luiz gustavo, fernandinho, hulk, bernard, oscar e fred, era no mínimo triste – o insosso jogador oscar seria o cérebro do time – sem dizer, conforme observou tostão, supersticiosa – bernard, do galo, jogando no mineirão – e onipotente, expondo a equipe à abertura de uma cratera no meio-campo, justo contra a seleção que privilegiava o jogo naquele setor e atuava de modo compacto, com kroos, schweinsteiger e khedira regendo as ações. e isso da neutralidade em partidas de futebol é costume desenvolvido por mim a partir do ato de assistir a esse esporte por exemplo enquanto manifestação estética de beleza, ainda um exercício, estabelecida a dificuldade em me dissociar da paixão intrínseca a essa prática. de forma que consigo exercê-la ao assistir a jogos de campeonatos nacionais de outros países e a jogos de seleções, mas, no futebol brasileiro, eu me sinto bastante preso ao flamengo – deve ser a força do hino, “uma vez / sempre” – e assim amargurado com outros times que já me fizeram me sentir derrotado. contudo, essa paixão carregada de dor eu questiono há bastante tempo, inspirado em especial pelo martelo de nietzsche, impulsionando-me a desconstruir valores culturais impostos socialmente e arraigados no nosso inconsciente coletivo, responsáveis também por nos afastarem da construção de uma individualidade própria e de nos causarem sofrimento desnecessário porque não verdadeiro e sim quase institucionalizado. e justo por isto: 1) para desfazer o sofrimento enquanto vínculo entre mim e o futebol, aproveitei a quarentena para reassistir a partidas até então guardadas íntima e erroneamente como traumas, nas quais, diante das derrotas sofridas, o sono e a fome perdi; 2) iniciei há quase uma década um processo de acompanhar partidas de outros locais do mundo, às vezes escolhendo clubes e seleções pelos quais torcer, mas de maneira pontual e mutável: amanhã, não sei, mas por exemplo nessa última década torço por messi e guardiola, porque com aquilo que entregam eu me deleito – inclusive, se um dia guardiola assume a seleção brasileira, de canarinho me visto, entusiasmado. todavia sem paixão, uma vez que o sofrimento enquanto verdade faz mal à saúde.

     

gol da alemanha: a tristeza é senhora

e desde que o samba é samba e o futebol é futebol é assim, caetano. e triste vivemos, talvez em mais dias do que deveríamos, talvez com a sensação similar à de policarpo quaresma, do lima barreto, para quem “a vida é variada e diversa, mais rica de aspectos tristes que de alegres”. até que, um dia, surge-nos uma ideia, uma paixão, uma promoção, uma vitória, e a elas nos agarramos. no entanto, de repente, sentimos em nós vinícius e tom cantando que tristeza não tem fim, pois sim a felicidade o tem. e sofremos novamente. isto porque, em uma perspectiva freudiana e psicanalítica, o sofrimento é a valeta onde escoa tudo o que ficou reprimido, a partir do qual advém o recalque, ou seja, o mecanismo de defesa do inconsciente ao eliminar da consciência momentos vividos em experiência de sofrimento. ouroboros: somos, então, a serpente que devora a própria cauda. e é a partir desse viés que proponho a ressignificação da memória esportiva enquanto um trauma, sendo este, segundo definição básica da psicologia, qualquer ato ou acontecimento que, ao remeter a um movimento vivido, desperte sofrimento psíquico no sujeito e se transforme em um sintoma, ou seja, na ausência da capacidade de sublimação – pode ser, talvez, ouvir a frase “lá vêm eles de nooovo”, repetida por galvão bueno durante a sequência de gols alemães, mas não deveria. nesse sentido, acrescento a definição proposta por contardo calligaris, no livro “cartas a um jovem terapeuta”, segundo o qual “o caráter traumático de um acontecimento não depende de alguma qualidade específica da experiência vivida” – por exemplo, uma partida de futebol ou uma desilusão amorosa – “mas é um efeito de como, mais tarde, essa experiência pode ou não integrar uma história que faça sentido para o sujeito”. e o exemplo citado pelo psicanalista italiano radicado no brasil há décadas aborda os veteranos da guerra do vietnã, que, tal qual demais combatentes em outras guerras, vivenciaram o horror e a iminência da morte, porém, os do vietnã, ao regressarem aos eua, depararam-se com um país indignado perante uma guerra sem sentido para ninguém, configurando-se uma experiência traumática a eles aquela participação. diante disso, proponho dois questionamentos: 1) de que forma considerar trauma uma derrota como aquela do brasil para a alemanha se um ano depois estava o torcedor brasileiro ou torcendo ou no mínimo assistindo despretensiosamente à seleção nacional na copa américa, e assim no ano seguinte também, e se quatro anos após a goleada o país novamente parou para acompanhar mais uma copa do mundo e torcer enlouquecidamente para os convocados do então e atual técnico tite? 2) que espécie de indignação e ausência de sentido se observam numa derrota em cujo esporte o sobrenatural de almeida, apresentado por nelson rodrigues, participa ativamente, quer para a alegria hoje quer para a tristeza amanhã ou vasco-versa? eu entendo o tamanho do buraco no estômago do torcedor brasileiro, afinal, custa uma partida terminar com sete gols para um time e custa mais ainda se estabelecer uma vantagem de cinco em meia hora. entretanto, incorporar um sentimento patriótico em um evento esportivo e sentir doer enquanto experiência traumática por exemplo de guerra eu considero patológico, uma vez que representa não conseguir se desvincular da cena original, logo, passível de tratamento e recuperação. e nesta talvez se incluam a sátira e o humor, tal qual do falha de cobertura, ao propor uma análise esportiva pautada em nonsense e deboche, porque o futebol merece receber a atenção devida de entretenimento cultural. de modo que, similar ao charuto às vezes sendo apenas um charuto, uma reprise daquela semifinal deveria ser apenas uma reprise de uma semifinal de copa do mundo – inclusive transmitida em live por craque daniel e cerginho da pereira nunes, com intervenções do repórter edvaldo – igualmente às diversas partidas de copa e outros torneios, de variadas seleções e times, retransmitidas durante mais de três meses, nos canais abertos e fechados, enquanto na ausência de jogos ao vivo devido à paralisação mundial dos esportes pela pandemia do covid-19. 


gol da alemanha: lá vem o brasil descendo a ladeira

na bola, no samba, na sola, no salto, moraes moreira. mas não no sentido da sua música, de quem desce para aqui embaixo acordar a cidade e arriscar um verso; desceu o brasil, naquela tarde, há seis anos, a ladeira da tragédia, dizem os traumatizados – equivocadamente porque se apoiam na muleta metafísica criticada por nietzsche, aquela que necrosa a vida, representada pelo medo do sujeito, submetido à crença cega em estereótipos culturais, de estabelecer por e para si mesmo uma vontade potencial própria e assumi-la e vivê-la. e agora, com um ainda incipiente distanciamento para aquela partida, considero válida toda forma de riso sobre o resultado, afinal, não foi um trauma, não foi uma partida fatídica, não foi uma tragédia. o viés precisa ser outro, mas não também o da expiação, proposto por nuno ramos, porque tornar bode expiatório o resultado de um jogo é conferir a este um significado maior que o saudável, é considerá-lo um sofrimento compensatório de culpa, e dessa forma continua a ser doentio. de maneira que vexame me parece o termo mais correto para se pensar uma derrota esportiva, porém desprovido de vitimismo. pois vexame, segundo o dicionário aurélio, pode ser “tudo o que causa vergonha ou afronta; desonra; humilhação; rebaixamento moral”, definições possíveis para se sentir esse exemplo de derrota, apesar de ainda exageradas, às quais eu confessadamente me incluo e as incorporo quando me fragilizo, no entanto sempre de maneira a afastar-me do vitimismo, sentimento este, por mais que o senso comum futebolístico os associe, que não é consequência de trauma, muito menos uma patologia. é sim uma postura de desamparo e vulnerabilidade de quem se diz sofredor de algo de que não necessariamente foi vítima. parece-me o torcedor brasileiro quando diante da reprise dessa partida inominável, comportamento não só contrário à identidade eufórica nacional como reafirmador de discursos sensacionalistas responsáveis por esvaziarem o sentido da crítica e o estudo do jogo, propagados, à época da goleada, por felipões e parreiras e donas lúcias, cuja base simplificada se dividia em duas: uma do eu versus quem pensa diferente de mim, representada pela comissão técnica no momento em que solicitaram “unir o país e parar de falar mal da gente”; e outra que justificava aquela derrota como um apagão, ou seja, um acontecimento carente de explicação ou culpados, designado pelo acaso, pelos deuses do futebol ou pelo azar da contusão de neymar, esta a materialização do drama e da instabilidade emocional daquele grupo de jogadores, do capitão thiago silva chorando durante uma disputa de pênaltis à comoção coletiva pela ausência do craque do time, presente na semifinal a partir da camisa levantada por julio césar e o então capitão david luiz durante o hino nacional, simbolizando a derrota antes mesmo de a partida começar e desconsiderando – conforme lembrado por pvc, em capítulo do livro “o raio-x do 7x1” – a conquista da copa de 1962, na qual pelé se contundiu no segundo jogo e foi substituído por amarildo, um dos protagonistas do título, junto com garrincha. 


gol da alemanha: abençoado por deus 

e bonito por natureza é o brasil, jorge ben. a razão da simpatia, do poder, do algo mais, da alegria. é também o país da piada pronta, de josé simão, onde é pelo humor que se comenta política. mas não futebol, ou ao menos não uma derrota “trágica”, dizem os vitimistas. isto porque aquela partida é um hiato na cultura futebolística mundial; é uma tatuagem na face do torcedor brasileiro – pois na alma estão guardadas derrotas que pertencem ao jogo: as já citadas para uruguai e itália ou a na copa da frança, para a anfitriã, em 1998, quando eu, com meus 11 anos, chorei e à qual mês passado reassisti. contudo, o modo como se construiu aquele placar no minerão, há sete anos, impede o torcedor brasileiro de se apegar ao acaso ou de culpar o juiz ou deus pelo azar específico em um lance e até mesmo de nomear o jogo a não ser pelo absurdo do próprio placar. e é grave não poder identificar com um nome uma derrota desse alcance, pois se prejudica a cicatrização do sentimento de tristeza e se impede o inconsciente do deslocamento da cena verdadeira, ou seja, de se afastar saudavelmente do que aconteceu e ficou gravado emocionalmente enquanto dor. porque sofrer quatro gols em seis minutos, ainda no primeiro tempo, e ir para o intervalo em desvantagem de cinco no placar não permite qualquer possibilidade de direcionamento culpatório ou nominal. o que sobra, então? deveria ser a vergonha, e assim tornando-se a semifinal uma partida vexatória. todavia, o que entrou em campo naquela tarde, conforme ensaiado por nuno ramos, na revista piauí, um mês depois, foi a “cultura futebolística brasileira”: felipão escalou, e o torcedor brasileiro – no melhor estilo policarpo quaresma – incorporou o ufanismo e estufou o peito de orgulho e euforia, não sem antes propagar as ideias de perseguição e falta de apoio da crítica especializada, como se o trabalho jornalístico devesse se pautar pelo aspecto passional e não racional. vendeu-se então a necessidade de união nacional em torno da alegria e do improviso nas pernas do jogador nascido nessa terra onde em fevereiro tem carnaval, e por isso inconscientemente o povo se veste de extrema  felicidade a cada copa do mundo, na base do verso do ben jor, de que “se você quiser pode ser feliz também”, e deve, acrescento. inclusive ao rever o inominável, tornando-o uma lembrança de no máximo vergonha, sentimento que nos engrandece enquanto sujeitos, sem o viés dramático que tentaram impor coletivamente, descaracterizador da identidade nacional eufórica e sadia. porque o que a vida quer da gente é coragem, ensina-nos riobaldo: “o correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta”. 


gol da alemanha: meninos mimados não podem 

reger a nação, criolo. e, não sei por qual motivo – se por jogar a copa no próprio país, se por ter até então melhor campanha, se por sorteio – mas a disposição gráfica dos nomes e do placar assim ficou: brasil 1x7 alemanha. excluindo-se as letras, 17, o prenúncio de uma tragédia muito mais traumática para o brasil e seu povo, cujas marcas talvez se tornem indeléveis no caráter de identidade nacional. afinal, se confirmados os no mínimo quatro anos de poder bolsonarista, serão décadas de regressão ufanista e vitimista, na burra base da polarização do nós contra eles, dos cidadãos de bem contra “isso tudo que tá aí” – essa sequência de cinco palavras tão bem representativa desse projeto político de esvaziamento crítico e plural do país, já prenunciado por aqueles que comandavam a seleção naquela copa. logo, em todas as esferas existentes e incrustado em nosso inconsciente coletivo de nação, nesse trauma político reside a causa pela qual vestir o passado será ainda mais comum e doloroso, digna do sofrimento enquanto verdade. e da vergonha também.


gol do brasil: na parede da memória 

essa lembrança política é o quadro que dói mais, belchior, e nos afeta já, no instante presente de vivermos uma pandemia sem um esquema tático definido, por quem nos governa, para nos orientar coletivamente sobre quando e como nos protegermos e sairmos com segurança para o jogo. e assim há mais de um ano somos os próprios jogadores da seleção durante aqueles seis minutos em que lá vinham eles de novo e de repente gol e bola ao centro, reinício, lá vêm eles de novo, gol: é cada um por si, em direções aleatórias, pautadas em crenças individuais e negacionistas, sem o mínimo discernimento técnico e científico. e agora é um vírus e não se contam mais gols pois sim infectados e mortos, sem qualquer indício de comoção ou respeito, pela representatividade política do país, às vítimas, mas com bastante vitimismo. eis uma verdadeira tragédia. prova de que aquela goleada, há sete anos, deveria merecer a consideração, pelo torcedor brasileiro, de uma memória no máximo triste, independente do fator escolhido: a apática atuação do time, que beirou o nonsense; o hiato na cultura futebolística, pela descaracterização das marcas esportivas de um jogo; a ausência de um nome para a derrota. a mim, a tristeza reside no fato de oscar ser o autor do gol brasileiro: o insosso e apático camisa onze, no minuto 89, afundou o placar em melancolia, temperada, dias depois, pelos três gols da holanda na desanimadora disputa de terceiro lugar, sobre a qual, inclusive, seria mais fácil escrever e ler, concordemos. 


ítalo puccini