eu
vejo dormir o cão
que
eu queria ser
a
fome do cão eu
queria
sentir
na terra
de lodo
ferrugem
e lama por
onde
rasteja o
olfato
o
cão não sente nojo
rasga
o cão a própria carne
é
cego quando velho
um rio
sem água
o
cão não guarda ódio e não
se
esquece de um
trauma
já sofrido
nem
de quem o acolheu
a ilusão
do cão é
o
retorno do dono
o cão
não elabora lista
de
afazeres nem
dorme
menos do que
necessita
não
conta
os livros que leu nem
pensa
no que vai
escrever
o cão
sabe quando
morre
e
escolhe
o
lugar
não
foi o cão quem secou o rio
o
cão é sábio e não
faz
questão de
demonstrar
a tristeza
do
cão existe
é na gente
ítalo
puccini