sábado, 31 de dezembro de 2022

terra

escrevo para alcançar a praia o mar
o debaixo d’água

um feto sereno confortável amável
completo
sem contato com o ar

que
me faz provar um gosto de final

a escrita em mim é o mar
exercício automático
inconsciente
de tanta exigência
denominado respirar

quem me conduz a um lugar sempre desconhecido
dito por freud
não é nossa a casa onde moramos

se não há palavras o que mais nos resta

esse desejo de contornar o vazio quando entro no mar e
escrevo

ítalo puccini