isso de ler em sala de aula é coisa que faço desde que comecei a lecionar, há cinco anos. haja coragem, eu sei. e haja sinceridade. só é possível manter mais de trinta alunos atentos à sua voz se houver demonstração de sinceridade e de paixão naquilo que se faz. ninguém acredita no que não transpassa segurança, não é mesmo? logo, tenho ciência, desde os idos da graduação, de que somente contribuirei para a formação de alunos-leitores se eu me demonstrar um professor-leitor - e não só leitor, mas uma pessoa apaixonada pela leitura. preciso, sim, ser exemplo daquilo que cobro em sala de aula. então que leio muito: sozinho, em grupos, na rua, no banheiro ou no colégio. e leio com os meus alunos, porque simplesmente mandá-los ler jamais será suficiente.
(introdução feita, vamos ao fato cronicado):
tou lendo com minhas quatro sextas séries o livro "joão e os sete gigantes mortais", do sam swope. leitura 'no miudinho'. um capítulo por semana. e os capítulos são curtos. coisa de dez minutos da aula e pronto. dá-lhe conversa! por dois motivos que se abraçam: porque 'minhas crias' falam muito e porque o livro abre para muitas divagações. é empolgante. e é uma ansiedade tremenda! não tem aula em que um par de alunos não venha me perguntar: "vai ler o joão hoje pra gente, professor?". baita frase, hein? quando nos referimos a um livro dessa forma - "joão", um apelido - é porque ele está internalizado. e, uma vez internalizado, é porque a leitura é verdadeira, está entranhada (palavra horrível, eu sei) no leitor. meus alunos parecem estar assim com o nosso joão. e é nosso porque estamos caminhando com o personagem há semanas já, e assim continuaremos durante mais algumas.
(introdução feita, vamos ao fato cronicado):
tou lendo com minhas quatro sextas séries o livro "joão e os sete gigantes mortais", do sam swope. leitura 'no miudinho'. um capítulo por semana. e os capítulos são curtos. coisa de dez minutos da aula e pronto. dá-lhe conversa! por dois motivos que se abraçam: porque 'minhas crias' falam muito e porque o livro abre para muitas divagações. é empolgante. e é uma ansiedade tremenda! não tem aula em que um par de alunos não venha me perguntar: "vai ler o joão hoje pra gente, professor?". baita frase, hein? quando nos referimos a um livro dessa forma - "joão", um apelido - é porque ele está internalizado. e, uma vez internalizado, é porque a leitura é verdadeira, está entranhada (palavra horrível, eu sei) no leitor. meus alunos parecem estar assim com o nosso joão. e é nosso porque estamos caminhando com o personagem há semanas já, e assim continuaremos durante mais algumas.
ser leitor é fazer companhia ao personagem, não é?
e é sentar para ouvir a história da mesma forma como ele, o personagem, segue a caminhada sentado em sua vaca: de trás pra frente. (deixa eu explicar: joão ganhou três feijões mágicos de um caminhante com quem ele dividiu a única maçã que tinha - isto no começo de sua trajetória, ao abandonar a vila em que morava, e na qual era culpado de tudo por ser mau, inclusive de atrair gigantes mortais para lá, porque, segundo o padre da vila, "mal atrai mal", então joão os estava atraindo. com os feijões, fez o pedido de conhecer sua mãe (sim, não a conhecia), e, ao abrir os olhos, deparou-se com uma vaca. eis a vida de joão. não restou a ele outra coisa a não ser subir na vaca e seguir em frente, mesmo sem saber para aonde. acontece que, ao montar no animal, joão se atrapalhou todo e sentou de costas para a cabeça dela. passou, assim, a observar o mundo de costas para o que vinha pela frente).
alguns alunos de uma das minhas turmas, então, ao ouvir esta parte da história (que é ainda no começo - foi no primeiro dia em que comecei a ler este livro para eles), sentaram de costas para mim, dizendo "ele sentou assim na vaca, ó, professor". e eu achei aquela rápida reação sensacional, e me dirigi ao fundo da sala de aula, onde de lá continuei a ler para eles. e assim agora fazemos a cada semana, a cada capítulo desde então. acompanhamos joão e suas lutas com os gigantes mortais como se estivéssemos todos sentados de costas no lombo da vaca. não ousamos abandonar nosso personagem, o nosso joão.
você ousaria?
ítalo puccini