sábado, 11 de junho de 2011

envolvi-me com o personagem


"é preciso comparar para sentir a distância das coisas" (pedro, personagem)

     foi do livro "a distância das coisas", do flávio carneiro, autor sobre o qual já escrevi aqui. continuo me deparando com livros seus, e continuo me dando o direito de lê-los. e de me envolver com os personagens por ele criados.
     assim me envolvi muito com pedro, um garoto de catorze anos que perdeu o pai quando era criança e a mãe quando estava na fase de sair da infância e entrar na adolescência. mas a morte da mãe ficou cercada de mistério para o menino, que fora proibido de ir ao enterro e de sequer chegar perto do túmulo dela. algo que muito o deixou encucado. e, garoto esperto e ativo como era, pedro foi atrás desse mistério.
     é dessa forma que não há como ler a história de pedro sem se envolver com ele. sem se colocar ao seu lado para ajudá-lo a descobrir o que de fato aconteceu. e não há, nesse movimento de interação, como não se apaixonar por pedro, garoto inteligente e sensível no modo de ver e de viver a vida. o leitor aprende muito com pedro: "a verdade é que nosso cérebro não dá conta do arco-íris". 
     conhecer a história de pedro é sentir que a gente não dá conta da vida. e que na verdade não precisamos dar conta dela. seria exigir demais de nós mesmo tal pretensão. assim como sobre a memória não conseguimos ter controle - pedro nos lembra disso - com a vida é a mesma coisa, porque "assim como há vários escuros dentro da noite, há vários claros dentro do dia". a gente só precisa se permitir a um olhar diferente: "Ela começou a rir. Eu também. Não tinha tanta graça, mas acho que a gente estava precisando rir, mesmo que fosse de uma coisa boba".
     tipo da vida, assim.

ítalo puccini